25 de julho de 2011

O mito do "PÊNALTI É LOTERIA" e a teoria do "PÊNALTI PERFEITO"

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- Brasil x Itália, Copa do Mundo - 1994;
- Brasil x Holanda, Copa do Mundo - 1998;
- Itália x França, Copa do Mundo - 2006;
- Argentina x Uruguai, Copa América - 2011;
- Brasil x Paraguai, Copa América - 20011.

É simples perceber o que os jogos citados acima têm em comum: todos foram definidos em cobranças de penalidades máximas.

Tantas e tantas vezes ouvimos a frase "Pênalti é loteria...
Claro, esta geralmente é pronunciada principalmente após cobranças perdidas e consequêntes derrotas.

Julgar o Pênalti como um jogo de sorte/azar é simplesmente se ausentar de responsabilidade, tanto para o batedor, quanto para o defensor. A sorte nada mais é do que um mero coadjuvante, seja na cobrança de penalidades ou mesmo durante os 90 minutos, em que os fatores primordiais para um bom desempenho são a competência técnica, a conscientização tática e o equilíbrio psicológico.

Sabemos que, no Futebol Moderno, cada vez mais profissionais fazem uso da ciência para melhor preparar seus atletas. São treinadores, preparadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas... e por ai vai! O que poucos sabem é que, mesmo no momento da cobrança das penalidades, a ciência também se faz presente!

Pesquisadores de diversas universidades do mundo realizaram estudos sobre esse momento-chave no Futebol. Os resultados obtidos mostraram a existência de uma cobrança de pênalti perfeita, de fato, existe!

Os cientistas mediram o tempo que o goleiro demora para chegar a diferentes pontos no gol. Com essa informação, é possível apontar o melhor lugar para se realizar a batida e calcular a que velocidade esta deve estar para que o goleiro não chegue a tempo de defendê-la.


- A localização do chute deve ser no meio dos 4 retângulos superiores, pois é um lugar difícil para o goleiro defender, mas não tão arriscado caso o cobrador erre um pouco na precisão;
- A velocidade acima de 80 km/h garante que a bola chegue nesse ponto do gol antes do goleiro, mesmo que este se antecipe ao chute.

Seguindo essas dicas, a porcentagem de acerto na cobrança chega a 90%!
Só não atinge 100% pois a possibilidade do erro humano existe, principalmente nos casos de maior pressão psicológica.

Dessa forma, é inadmissível que treinadores, batedores e goleiros ainda façam uso dessa frase sem fundamento nenhum. Pênalti não é loteria. Pênalti é estudo, preparação e treinamento!

(Essa postagem é uma homenagem ao Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred, mas principalmente ao professor Ronald Ranvaud, que já teve que aturar todos nós da Equipe TAKTIKUS em sua sala de aula!)

Rodrigo Coelho
Equipe TAKTIKUS

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COPA AMÉRICA - URUGUAI CAMPEÃO

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foto: Getty Imagens

Talento, aplicação, coletividade e organização.
Essa foi a Seleção Uruguaia, maior campeã da América do Sul, com agora 15 títulos de Copa América!

Na final de um torneio equilibrado, Uruguai e Paraguai, duas equipes que de coadjuvantes souberam se tornar protagonistas, eliminando os dois inevitáveis favoritos - Argentina e Brasil.

A equipe uruguaia, invicta no torneio, já havia mostrado sua força ao eliminar a equipe anfitriã, mesmo contando com um jogador a menos. Apesar de possuir peças individuais fundamentais (Forlán, Suárez, Muslera e Lugano), foi o futebol jogado de forma coletiva e organizada que garantiu a vaga na finalíssima.
Já a equipe paraguaia, até então, havia empatado todas as partidas que disputara, somente garantindo sua vaga na final através de vitórias em disputas de pênaltis.

(clique na imagem para ampliá-la)
Assim, desde o início foi possível perceber propostas de jogo totalmente distintas entre as equipes. Enquanto o Paraguai buscava um jogo mais defensivo e de menor velocidade, a Seleção Uruguaia se mostrava agressiva, atuando de forma dinâmica e ofensiva.

O Uruguai optou por manter o sistema de jogo que havia utilizando desde a lesão de Cavani, o 4-4-1-1, com Cáceres preso à linha defensiva e Maxi Pereira avançando mais pelo lado direito do campo. Forlán era o encarregado de se aproximar de Suárez para estruturar as ações ofensivas. No lado paraguaio, a opção pelo 4-4-2 acabou se desdobrando em um 4-1-4-1, com Victor Cáceres marcando Forlán e Zeballos recuando para acompanhar as investidas de Zeballos.

Porém, foi a postura defensiva adotada pela equipe uruguaia que definiu a partida. A seleção albi-celeste marcou de forma avançada, pressionando a todo momento em busca de retomar a posse de bola. Com ela nos pés, buscava-se a genialidade de Forlán e Suárez.

A Seleção do Paraguai pouco pode fazer, já que o seu principal articulador de jogadas, Néstos Ortigoza, a todo momento era pressionado pelo volante Arévalo Ríos (jogador que, apesar de ser pouco falado, foi fundamental para o sucesso uruguaio nessa Copa América).

Assim, de forma incontestável, a Seleção do Uruguai conquistou seu 15° título de Copa América, confirmando o que já havia sido apresentado na última Copa do Mundo: é o retorno do tradicionalíssimo futebol uruguaio, fruto de jogadores talentosos e de um ótimo trabalho à longo prazo, comandado pelo mestre Oscar Tabárez.

Confira aqui os melhores momentos da partida:



Rodrigo Coelho
Equipe TAKTIKUS

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16 de julho de 2011

COPA AMÉRICA - BRASIL - Análise de Desempenho da 1º Fase

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foto: Agência Estado
Com um pouco de sofrimento, a seleção brasileira se classificou, como primeira colocada no grupo B da Copa América, que agora entra em sua fase de mata-mata. Buscando uma renovação e um reencontro com a filosofia de jogo do país, a equipe mostrou uma evolução ao longo das três partidas que disputou.

Trago aqui alguns indicativos dessa evolução, retirados do site oficial da Conmebol, e estudados por nós, da equipe TAKTIKUS.

Considerando, primeiramente, o posicionamento dos jogadores em campo, e as modificações efetuadas por Mano Menezes, observamos melhoras em alguns aspectos já citados no blog.

As imagens ao lado mostram com fidedignidade o posicionamento de cada jogador nos três jogos da primeira fase da competição. Para a definição de cada posicionamento na imagem, foi observado o deslocamento de cada jogador durante todo o jogo.

O posicionamento de Ramíres pode nos trazer muitas reflexões. Ao longo dos três jogos, o jogador, foi, progressivamente, adotando um comportamento mais ofensivo, por dois motivos.

O primeiro, pela necessidade de ajudar Ganso na construção das jogadas, além de se envolver nas movimentações ofensivas da equipe, cada vez mais frequentes. O outro motivo foi pela melhor assimilação da compensação defensiva feita pelos laterais. No primeiro jogo, Ramíres foi visto muitas vezes pela esquerda, cobrindo descidas de André Santos. No último jogo esse comportamento praticamente não foi visto, com André se resguardando ou sendo compensado por Maicon, do outro lado.

Outro posicionamento que podemos considerar para análise é o de Neymar. Com a mudança de Jádson no lugar de Robinho, no segundo jogo, Neymar passou a jogar mais próximo de Pato, se movimentando por todo o setor ofensivo, ao contrário do primeiro jogo, em que se plantou na esquerda, se movimentando muito pouco. Na volta de Robinho ao time titular, Mano tomou cuidado para não limitar Neymar novamente, posicionando Robinho como meia, ajudando Ganso, e soltando o camisa 11. (Veja abaixo o Mapa de Calor do posicionamento de Neymar, nos três jogos)



A melhora do futebol da seleção brasileira é notável, mas sabemos que os jogadores ainda podem se superar. Para conquistar a Copa América, o futebol deve ser ainda mais vistoso, imaginando uma final frente a Argentina. Isso é evidenciado pela análise dos passes da seleção, no primeiro e terceiro jogos.

A quantidade de passes aumentou significativamente. De 228 a 317, sem perder a efetividade (83 e 85%). As melhoras nos índices de Robinho e Ganso também servem de indicadores. Robinho foi de um aproveitamento de 78 para 90%. Já Ganso saiu do péssimo 58% para o moderado aproveitamento de 74%. A expectativa e a esperança é que esses números aumentem ainda mais.

Domingo, os números têm de ser ainda melhores. A já conhecida equipe do Paraguai é muito forte e exigirá ainda mais dos jogadores brasileiros. As expectativas são grandes para uma apresentação ainda melhor da seleção. E pra você, a seleção melhorou? Consegue a vitória diante o Paraguai? Ou volta pra casa?

Guilherme Carinhato
Equipe TAKTIKUS


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13 de julho de 2011

COPA AMÉRICA - URUGUAI: uma formação interessante!

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A seleção uruguaia não tem convencido, dois empates e uma vitória, assim como a sua próxima rival, a Argentina. A ‘Celeste’ tem jogadores de qualidade, foi a melhor seleção sulamericana na Copa do Mundo (4ª colocada) e já esperava pelo futebol apresentado na Copa América. Diferentemente das outras favoritas (Argentina e Brasil), o futebol uruguaio não é dos mais apurados, mas há de se parabenizar o técnico Óscar Tábarez, que apresenta uma formação diferente no futebol.

Tábarez trabalha no 4-2-3-1, sendo que nessa formação temos dois volantes de contenção (Arévalo e Perez), que tem Arévalo como o principal homem de marcação, como um cão-de-guarda da zaga celeste e Perez que pouco sai da sua zona, concedendo segurança ao Uruguai. (Ver figura abaixo)

(Clique na imagem para ampliá-la)


Com esses dois volantes, há uma maior investida dos laterais, principalmente pela esquerda com A. Pereira, que sempre aparece no ataque. Os meias C. Rodríguez e González pouco avançam e ajudam mais na marcação do time uruguaio, deixando a armação das jogadas para o jogador do meio, Forlán, que tem categoria de sobra para dar assistências para Suarez, que usa da sua velocidade para tentar sair por trás dos zagueiros.

Uma característica interessante de Suarez é que, cai pelos dois lados, auxiliando a possível chegada de um dos meias e/ou dos laterais e faz parede para tentar armar algum lance de gol junto com Forlán.

As substituições feitas surtem um efeito interessante na seleção uruguaia, com a entrada de Eguren e Lodeiro, sendo que assim o time muda para um 4-3-1-2, usando essa formação para ter maior aproximação de seus jogadores, permitindo uma melhor troca de passes e a manutenção da posse da bola, como foi feito no jogo diante do México. Assim, impossibilita o adversário de pressionar no final da partida e ainda aproxima Forlán de Suarez, podendo assim, surgirem mais jogadas de perigo para o adversário. (Ver figura abaixo).

(Clique na imagem para ampliá-la)


O duelo ante os donos da casa vai ser bastante interessante, pois o Uruguai pode tentar minar Messi com Arévalo no pé do craque e ainda impedir as infiltrações de Di Maria e Aguero pelas pontas, e ainda saindo pra jogar com Forlán e usar da velocidade de Suarez para surpreender a zaga argentina. Vamos esperar e ver qual será a estratégia usada por Batista para superar a defesa celeste. Que esse seja um bom jogo para encher os olhos daqueles que gostam de um bom futebol, este, que está ausente até agora na Copa América.

Fernando Graças
Equipe TAKTIKUS
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COPA AMÉRICA - ARGENTINA: "a descentralização do poder"

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Foto: Agência Reuters
Mesmo antes do início da competição, o treinador da Seleção Argentina Sérgio Batista deixou claro qual seria sua estratégia dentro de campo: jogar como o Barcelona. A idéia era propiciar as melhores condições para que a grande estrela da equipe, Messi, pudesse brilhar como o faz em território espanhol (confira a análise completa da equipe do Barcelona AQUI).

O mesmo 4-3-3 com o camisa 10 recuando e abrindo espaço para as infiltrações dos pontas; a mesma proposta de adiantamento da linha defensiva e manutenção da posse de bola com desmarcações constantes e passes curtos.

Nada disso adiantou.
O que se viu nas primeiras partidas de Copa América foi uma fraca atuação de Messi, assim como da Seleção Argentina em geral. As críticas e acusações sobre o camisa 10 foram muitas: pouco empenho, desinteresse e falta de foco para as partidas...

Somente para a última partida, contra a Costa Rica, o treinador Sérgio Batista percebeu que a falta de sucesso da equipe talvez não fosse ocasionada pela má atuação de Messi, mas sim pela forma de jogar dos outros 10 jogadores em campo. A fraca participação ofensiva do meio-campo sobrecarregava Messi, que acabava sendo o único encarregado de criar as oportunidades de gol da equipe.

(clique na imagem para ampliá-la)
A primeira opção do treinador foi realizar uma simples alteração no sistema de jogo. Contra a Bolívia, Batista optou por um meio-campo com dois volantes (Mascherano e Cambiasso) e um armador (Banega). Já contra a Colômbia, a opção foi inverter a base do triângulo, porém a fraca atuação de Cambiasso como meia armador prejudicou toda a equipe. A solução encontrada foi substituir Banega e Cambiasso, para a entrada de Di Maria e Gago. Assim, a responsabilidade de Messi em armar todas as ações ofensivas de sua equipe foi dividida também com esses dois jogadores, diminuindo a responsabilidade do camisa 10.

Além dessas mudanças, para a partida contra a Costa Rica, Aguero e Higuain substituíram Tevez e Lavezzi, o que contribuiu para a melhora da equipe argentina. Messi, agora não mais o único a carregar a equipe, mas ainda protagonista, teve ótima atuação, servindo seus companheiros para dois dos três gols.

Após todas essas mudanças, ficou clara a evolução da Seleção Argentina. É uma equipe forte, agora bem estruturada dentro de campo, jogando em casa e que conta com a maior estrela do futebol mundial, Lionel Messi. Fica a ressalva: só não vale esquecer que o futebol é um esporte coletivo em que o desempenho de um jogador depende dos seus 10 companheiros dentro de campo!

Rodrigo Coelho
Equipe TAKTIKUS

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